terça-feira, 9 de setembro de 2014

Santas leituras, socorrei-nos!

Por André Krupp e Tássila Maia

Infelizmente, a maioria dos brasileiros não possui o hábito da leitura. Até mesmo nas universidades, facilmente se percebe que poucos são aqueles que cultivam esta prática. É de se espantar o número de catequistas que não leem (ou que nem conhecem) o Catecismo da Igreja, assim como a quantidade de famílias inseridas em pastorais e na evangelização com escasso conhecimento da doutrina.
É preciso compreender que, num mundo extremamente racionalista como o de hoje, não se pode colocar à parte o conhecimento da fé. Para vencer o desafio de ser sal da terra e luz do mundo não bastam apenas piedade e boa intenção, se faz também necessário, mais do que nunca, “dar razão à nossa esperança” (cf. 1 Pd 3, 15). Segundo afirma Santo Atanásio, não se encontrará um fervoroso servo de Deus que não seja dado à leitura de livros espirituais.
Quando um casal inicia a construção de uma família, promete, diante do altar de Deus, educar os filhos na fé da Igreja. Isso significa transmitir conhecimento e valores a uma criança. Mas como transmitir aquilo que não se tem? Como educar os filhos na fé se não a conhecem, ou a conhecem superficialmente? Acaso um servente de pedreiro poderia dar aula numa universidade de engenharia? Somente a prática, desprovida de formação, não capacita ninguém para a educação. É preciso conhecer e viver os ensinamentos de Deus para, então, ser capaz de transmiti-los com êxito.
Sendo assim, torna-se urgentíssimo aos casais realizarem um rompimento com a cultura brasileira do “não ler”. Obviamente, existem hoje outros meios válidos para adquirir o conhecimento da fé, mas nenhum deles é capaz de substituir a leitura. O papa nunca deixará de escrever documentos para postar vídeos no Youtube (ainda que vídeos do papa no Youtube fossem o máximo!). Os “meios adicionais de ensinamento” como: blogs, vlogs, pequenos cursos, filmes, sites, etc... podem ser úteis para esclarecer dúvidas, introduzir a compreensão de um assunto ou receber informações atualizadas, mas nunca serão capazes de assumir o papel da leitura, lugar primordial da formação.
Para os cristãos leigos de hoje, o conhecimento da doutrina católica (principalmente a respeito do matrimônio, sexualidade, família e filhos) é como o óleo para a lamparina das virgens no Evangelho (cf. Mt 25, 1-13): não tê-lo seria falta de prudência. Ensina Santo Afonso de Ligório: “A leitura de bons livros não foi proveitosa aos santos unicamente em sua conversão, mas em toda a sua vida, para se manterem firmes no caminho da perfeição e fazerem cada vez maiores progressos nele. São Domingos beijava seus livros espirituais e apertava-os amorosamente ao coração, dizendo: 'Estes livros dão-me o leite que me sustenta'.”
Concluindo, há de se ter claro que a leitura é um hábito que requer investimento. Primeiramente, investimento de tempo, reservando alguns minutos ou horas do dia para sua prática e, também, investimento financeiro, com a aquisição gradativa de bons livros. Muitos títulos se encontram disponíveis na internet, e é possível realizar também círculos de leitura e troca de livros entre famílias.

Quer construir sua casa sobre a Rocha? Então, já passou da hora de despedir-se da preguiça intelectual! 
"Seja perseverante nas orações e nas santas leituras." (São Padre Pio)

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