Por André Krupp e Tássila Maia
Uma das perguntas mais frequentes entre a
juventude católica é a seguinte:
“Por que
não posso fazer sexo com minha namorada (ou meu namorado) se nos amamos?”
Isso não seria um problema se, na grande maioria das vezes, os jovens não
ficassem sem uma resposta, ou apenas com o clássico “Porque não!”. Todo mundo
sabe que “porque não” não é resposta!
Para ajudar na compreensão da sexualidade a
partir do plano de Deus, apresentamos aqui algumas respostas para a questão:
Porque
o amor supõe compromisso
Dentro de um contexto cristão, não se pode
aceitar o sexo desvinculado do amor. Mas também não se pode compreender o amor
como apenas um sentimento, um “querer bem” ou um desejo de estar junto. O amor
é provado na paciência e na renúncia. O amor é uma opção radical, é uma
decisão, um compromisso. Homem e mulher, por si só, não são capazes de viver esse
compromisso de forma plena, necessitam de uma ação sobrenatural de Deus para
conseguirem fazer com que o seu compromisso permaneça, cresça e dê frutos. E é
no matrimônio que Deus, mediante o livre consentimento dos noivos, concede esta
graça.
O sexo não é somente uma comunhão de corpos
ou uma expressão de sentimentos, mas sim uma doação total de si a outra pessoa.
Não se dá inteiramente a alguém quem ainda não tem um real compromisso, um
compromisso ratificado, solenemente declarado, selado por Deus e testemunhado
pelos homens. Assim, o sexo desvinculado do compromisso matrimonial não
expressa, mas antes, trai o amor.
Porque
Deus criou o sexo para o matrimônio
“Por
isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne.” (Gênesis 2, 24) Quando Deus cria homem e mulher, os criam aptos ao sexo,
mas expressa claramente seu desejo de que, antes que se tornem “uma só carne”,
“deixem pai e mãe”. Segundo o plano amoroso de Deus, antes de ter relações
sexuais, homem e mulher devem assumir perante Ele, a família e a sociedade o
vínculo matrimonial.
Porque
o sexo é a renovação da aliança conjugal
O amor entre homem e mulher é imagem viva do
amor de Deus. Esse amor de Deus Criador e Redentor sempre se manifestou através
de alianças estabelecidas com os homens. Essas alianças foram celebradas e
renovadas com festas e atos próprios de cada época da história.
Na plenitude dos tempos, Cristo estabeleceu a
nova e eterna aliança entre Deus e os homens com seu sacrifício na cruz. Uma
aliança esponsal, em que Jesus é o Esposo e a Igreja sua Esposa. O sacrifício
incruento da Santa Missa é a renovação (atualização) desta aliança. O
matrimônio entre homem e mulher é uma prefiguração e uma participação do
matrimônio entre Cristo e a Igreja.
A relação sexual dentro do casamento é, tal
como na Eucaristia, comunhão de corpo e alma entre os esposos, sendo ela também
renovação da aliança. Sendo assim, fazer sexo antes do casamento seria tentar
renovar uma aliança que ainda nem existe.
Porque
sem castidade não há autodomínio
“Ninguém
pode dar aquilo que não possui: se a pessoa não é senhora de si – por meio da
virtude e, concretamente, da castidade – falta-lhe aquele autodomínio que a
torna capaz de se dar. [...] A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas
paixões e alcança a paz, ou se deixa comandar por elas e torna-se infeliz.”
(Sexualidade Humana: Verdade e Significado, 16 e 18) Como já foi dito, o
sexo não é somente uma comunhão de corpos, mas uma doação total de si ao outro.
Antes de dar-se ao outro, porém, é preciso “ter-se”, dominar a si mesmo,
subordinar seus desejos, emoções e instintos à vontade, à razão. Somente a
partir deste autodomínio será possível doar-se livre e inteiramente ao outro.
Como afirma o documento acima citado: “A castidade é a afirmação cheia de alegria
de quem sabe viver o dom de si, livre de toda a escravidão egoísta”. A
castidade capacita o homem a conhecer e direcionar corretamente seus impulsos
sexuais, e aquele que não aprende com a continência a controlá-los não estará
apto a dominá-los no seu matrimônio. O casal que não vive a castidade no namoro
estará muito mais propenso a viver uma sexualidade desregrada no matrimônio,
reduzindo o ato sexual a pura satisfação da sensibilidade, o que enfraquece o
amor e a fidelidade e pode destruir um casamento.
Porque
o sexo prejudica o namoro
“A
experiência também demonstra que as relações sexuais antes do matrimônio
dificultam mais do que facilitam a escolha do parceiro certo para a vida.
Pertence à preparação para um bom matrimônio que formeis e consolideis o vosso
caráter. Deveis também cultivar as formas de amor e de afeto apropriadas à
provisoriedade das vossas relações de amizade. A espera e a renúncia
facilitar-vos-ão mais tarde o respeito afetuoso pelo parceiro.” (João Paulo II
aos jovens em Vaduz, 1985 - Youcat) O namoro só tem sentido para um cristão
quando visa à escolha e à preparação afetiva para o casamento. O sexo traz para
o casal um fortíssimo vínculo psicológico e emocional. Por isso, para bem viver
esses dois aspectos do namoro, faz-se necessário afastar-se da união sexual,
pois, se por um lado ela atrapalha na escolha do futuro cônjuge, por outro, coloca
em segundo plano todo o potencial de amizade a ser construído pelo casal,
tornando sua relação superficial. Um namoro sem a castidade perde o seu
sentido, pois deixa de ser uma preparação para o casamento e torna-se um
“programa de experiência pré-matrimonial”, onde se utiliza dos direitos do
matrimônio sem assumir os seus deveres.
“A
comunhão física e sexual é alguma coisa de grande e de belo. Mas ela só é digna
do homem se integrada numa união pessoal, reconhecida pela comunidade civil e
eclesiástica. A plena comunhão sexual entre o homem e a mulher só tem, por
isso, o seu lugar legítimo no âmbito do exclusivo e definitivo vínculo pessoal
de fidelidade no matrimónio. A indissolubilidade da fidelidade conjugal, que
hoje para muitos deixou de ser compreensível, é igualmente expressão da
incondicionada dignidade do homem. Não se pode viver só para prova, não se pode
morrer só para prova. Não se pode amar só para prova, aceitar um homem só para
prova e por algum tempo.” (João Paulo II, 15/11/1980)
Porque
sexo antes do casamento é pecado de matéria grave
O sexo é algo sagrado que o Criador dotou de
sentido e dignidade. Se não é tratado com o respeito e o zelo devidos,
comete-se um ato de profanação a atenta-se gravemente contra Deus.
Se um casal de namorados, consciente e
livremente, opta por não viver a castidade, permanece em estado de pecado
mortal, pois peca contra o sexto mandamento. “O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como
o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça
santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado
mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de
Cristo e a morte eterna no inferno, já que a nossa liberdade tem o poder de
fazer opções para sempre, sem regresso.” (Catecismo da Igreja Católica § 1861)
Será que vale a pena colocar em risco a
salvação eterna por conta de um prazer? Quem realmente ama preocupa-se,
primeiramente, com a salvação, e não com a satisfação do outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário