terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sexo antes do casamento: por que não?

Por André Krupp e Tássila Maia

Uma das perguntas mais frequentes entre a juventude católica é a seguinte: 

“Por que não posso fazer sexo com minha namorada (ou meu namorado) se nos amamos?”

Isso não seria um problema se, na grande maioria das vezes, os jovens não ficassem sem uma resposta, ou apenas com o clássico “Porque não!”. Todo mundo sabe que “porque não” não é resposta!
Para ajudar na compreensão da sexualidade a partir do plano de Deus, apresentamos aqui algumas respostas para a questão:

Porque o amor supõe compromisso

Dentro de um contexto cristão, não se pode aceitar o sexo desvinculado do amor. Mas também não se pode compreender o amor como apenas um sentimento, um “querer bem” ou um desejo de estar junto. O amor é provado na paciência e na renúncia. O amor é uma opção radical, é uma decisão, um compromisso. Homem e mulher, por si só, não são capazes de viver esse compromisso de forma plena, necessitam de uma ação sobrenatural de Deus para conseguirem fazer com que o seu compromisso permaneça, cresça e dê frutos. E é no matrimônio que Deus, mediante o livre consentimento dos noivos, concede esta graça.
O sexo não é somente uma comunhão de corpos ou uma expressão de sentimentos, mas sim uma doação total de si a outra pessoa. Não se dá inteiramente a alguém quem ainda não tem um real compromisso, um compromisso ratificado, solenemente declarado, selado por Deus e testemunhado pelos homens. Assim, o sexo desvinculado do compromisso matrimonial não expressa, mas antes, trai o amor.

Porque Deus criou o sexo para o matrimônio

“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gênesis 2, 24) Quando Deus cria homem e mulher, os criam aptos ao sexo, mas expressa claramente seu desejo de que, antes que se tornem “uma só carne”, “deixem pai e mãe”. Segundo o plano amoroso de Deus, antes de ter relações sexuais, homem e mulher devem assumir perante Ele, a família e a sociedade o vínculo matrimonial.

Porque o sexo é a renovação da aliança conjugal

O amor entre homem e mulher é imagem viva do amor de Deus. Esse amor de Deus Criador e Redentor sempre se manifestou através de alianças estabelecidas com os homens. Essas alianças foram celebradas e renovadas com festas e atos próprios de cada época da história.
Na plenitude dos tempos, Cristo estabeleceu a nova e eterna aliança entre Deus e os homens com seu sacrifício na cruz. Uma aliança esponsal, em que Jesus é o Esposo e a Igreja sua Esposa. O sacrifício incruento da Santa Missa é a renovação (atualização) desta aliança. O matrimônio entre homem e mulher é uma prefiguração e uma participação do matrimônio entre Cristo e a Igreja.
A relação sexual dentro do casamento é, tal como na Eucaristia, comunhão de corpo e alma entre os esposos, sendo ela também renovação da aliança. Sendo assim, fazer sexo antes do casamento seria tentar renovar uma aliança que ainda nem existe.

Porque sem castidade não há autodomínio

“Ninguém pode dar aquilo que não possui: se a pessoa não é senhora de si – por meio da virtude e, concretamente, da castidade – falta-lhe aquele autodomínio que a torna capaz de se dar. [...] A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa comandar por elas e torna-se infeliz.” (Sexualidade Humana: Verdade e Significado, 16 e 18) Como já foi dito, o sexo não é somente uma comunhão de corpos, mas uma doação total de si ao outro. Antes de dar-se ao outro, porém, é preciso “ter-se”, dominar a si mesmo, subordinar seus desejos, emoções e instintos à vontade, à razão. Somente a partir deste autodomínio será possível doar-se livre e inteiramente ao outro.
Como afirma o documento acima citado: “A castidade é a afirmação cheia de alegria de quem sabe viver o dom de si, livre de toda a escravidão egoísta”. A castidade capacita o homem a conhecer e direcionar corretamente seus impulsos sexuais, e aquele que não aprende com a continência a controlá-los não estará apto a dominá-los no seu matrimônio. O casal que não vive a castidade no namoro estará muito mais propenso a viver uma sexualidade desregrada no matrimônio, reduzindo o ato sexual a pura satisfação da sensibilidade, o que enfraquece o amor e a fidelidade e pode destruir um casamento.

Porque o sexo prejudica o namoro

“A experiência também demonstra que as relações sexuais antes do matrimônio dificultam mais do que facilitam a escolha do parceiro certo para a vida. Pertence à preparação para um bom matrimônio que formeis e consolideis o vosso caráter. Deveis também cultivar as formas de amor e de afeto apropriadas à provisoriedade das vossas relações de amizade. A espera e a renúncia facilitar-vos-ão mais tarde o respeito afetuoso pelo parceiro.” (João Paulo II aos jovens em Vaduz, 1985 - Youcat) O namoro só tem sentido para um cristão quando visa à escolha e à preparação afetiva para o casamento. O sexo traz para o casal um fortíssimo vínculo psicológico e emocional. Por isso, para bem viver esses dois aspectos do namoro, faz-se necessário afastar-se da união sexual, pois, se por um lado ela atrapalha na escolha do futuro cônjuge, por outro, coloca em segundo plano todo o potencial de amizade a ser construído pelo casal, tornando sua relação superficial. Um namoro sem a castidade perde o seu sentido, pois deixa de ser uma preparação para o casamento e torna-se um “programa de experiência pré-matrimonial”, onde se utiliza dos direitos do matrimônio sem assumir os seus deveres.
“A comunhão física e sexual é alguma coisa de grande e de belo. Mas ela só é digna do homem se integrada numa união pessoal, reconhecida pela comunidade civil e eclesiástica. A plena comunhão sexual entre o homem e a mulher só tem, por isso, o seu lugar legítimo no âmbito do exclusivo e definitivo vínculo pessoal de fidelidade no matrimónio. A indissolubilidade da fidelidade conjugal, que hoje para muitos deixou de ser compreensível, é igualmente expressão da incondicionada dignidade do homem. Não se pode viver só para prova, não se pode morrer só para prova. Não se pode amar só para prova, aceitar um homem só para prova e por algum tempo.” (João Paulo II, 15/11/1980)

Porque sexo antes do casamento é pecado de matéria grave

O sexo é algo sagrado que o Criador dotou de sentido e dignidade. Se não é tratado com o respeito e o zelo devidos, comete-se um ato de profanação a atenta-se gravemente contra Deus.
Se um casal de namorados, consciente e livremente, opta por não viver a castidade, permanece em estado de pecado mortal, pois peca contra o sexto mandamento. “O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que a nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso.” (Catecismo da Igreja Católica § 1861)

Será que vale a pena colocar em risco a salvação eterna por conta de um prazer? Quem realmente ama preocupa-se, primeiramente, com a salvação, e não com a satisfação do outro. 

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