Por
André Krupp e Tássila Maia
A castidade não é uma luta para reprimir os
impulsos sexuais enquanto ainda não se tem uma “liberação” para manter relações
conjugais, mas sim uma virtude que ordena os desejos, trazendo maturidade e
autodomínio.
O matrimônio é uma entrega total do dom de
si, ou seja, o cônjuge dá-se por inteiro, fazendo dele mesmo um dom para o
outro. No entanto, ninguém pode dar aquilo que não possui. O escravo não tem
condições de tomar decisões sobre sua própria vida, mas estará sempre
subordinado à vontade e à necessidade de seu senhor. Da mesma forma, por causa
de nossa inclinação ao pecado e da realidade do mundo em que vivemos, o homem
que não é casto torna-se escravo de seus próprios desejos e, estando privado de
sua liberdade, torna-se incapaz de doar-se ao outro num dom total de si.
“A
castidade supõe uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da
liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e
alcança a paz, ou se deixa comandar por elas e torna-se infeliz.” (CIC n 2339)
Por exemplo, o homem que não domina seus
desejos durante o tempo de namoro, mas simplesmente os reprime, quando se casa,
vê-se na possibilidade de libertar esses desejos que, por serem desordenados,
são insaciáveis. Logo, a relação sexual se tornará insatisfatória, pois não
será movida pelo amor e a vontade de dar-se ao outro, mas por um desejo egoísta
e irracional. Não satisfeitos, esses desejos tirarão sua paz e o forçarão a
voltar ao pecado, como a pornografia. O pecado enfraquece a caridade e
entorpece a consciência, tornando assim pesadas demais as exigências de uma
vida conjugal. Assim o homem, já não acreditando em si mesmo e nas promessas do
seu matrimônio, permite que esses desejos o dominem, o que pode resultar até
mesmo em relações extraconjugais. Tal busca pelo prazer não o saciará, mas, ao
contrário, o tornará cada vez mais infeliz, principalmente dentro de seu
casamento, o que pode ocasionar o divórcio.
Não que esta seja uma regra matemática e que quem
não viveu a castidade esteja condenado ao divórcio. Este é apenas um exemplo de
como pode ser prejudicial não buscar o domínio dos impulsos sexuais
desordenados, acreditando que o casamento os anulará como num passe de mágica.
Quem vive o namoro apenas como um tempo de
“abstinência sexual obrigatória” e não procura exercitar a virtude da
castidade, poderá criar a ilusão de que se livrará de pecados como masturbação
e pornografia após o casamento, já que estará “liberado” a manter relações com
sua esposa/esposo. Mas isto é realmente uma grande ilusão. Aquele que se casa
sem o necessário autodomínio, continuará sempre preso a estas fraquezas
enquanto não cultivar e pedir a Deus a virtude da castidade. Estará sempre
impedido de doar-se livremente e totalmente ao seu cônjuge.
Por esse motivo, é fundamental buscar a cura
da sexualidade e a libertação dos vícios desta área ainda no tempo de namoro.
Pois, somente a partir desta libertação, promovida pela plena vivência da castidade,
o homem e a mulher serão capazes de fazer de seu matrimônio um dom total de si.
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