Por
André Krupp e Tássila Maia
Imaginai um bom seminarista. Como seriam os
seus dias? Com certeza, buscaria participar frequentemente da Santa Missa,
rezaria constantemente, se dedicaria com afinco aos estudos... Mas, por quê?
Obviamente, porque está se preparando para sua vocação: o sacerdócio. Uma
vocação um tanto quanto exigente!
Agora, imaginai um casal de namorados que
pouco reza, que gasta mais tempo se agarrando que conversando, que tem medo de
advertir um ao outro quando necessário. Imaginai um casal cheio de reservas,
que não partilha suas dificuldades, anseios, medos e frustrações. Que não se
alegram com as conquistas do outro e não se importam em conhecer o que mais lhe
agrada ou fere. Com certeza, esse casal ainda não se deu conta de que o
matrimônio é também uma vocação.
Sendo o Matrimônio uma vocação, o namoro nada
mais é do que o princípio de uma preparação para este chamado. O namoro nunca
pode ser o seu próprio fim. Ninguém pode namorar outra pessoa simplesmente
porque a considera “bonita” ou “legal”, mas sim, porque vê a possibilidade de,
com ela, construir uma família.
Beijos, carinhos, presentes e todo tipo de
romantismo tornam-se totalmente vagos se não estiverem inseridos numa relação
de profunda e verdadeira amizade. Há de se ter em conta que tal relação não
surge da noite para o dia, nem tampouco pode ser imposta, mas sim, construída.
Sendo assim, para se construir uma verdadeira amizade durante o namoro, deve-se
levar em conta alguns pontos, como:
-
Convivência e Partilha: Para desenvolver uma amizade é preciso, primeiramente,
estar junto. Conversar sobre diversos assuntos, debater pontos de vista,
partilhar experiências. É preciso sair e fazer “coisas diferentes”: pintar um
cômodo, montar um quebra-cabeça, jogar videogame, praticar um esporte, se
divertir! Essa sadia convivência aumenta a vontade de estar junto e começa a
trazer a liberdade de “ser você mesmo”, sem máscaras e sem reservas.
-
Intimidade e Cumplicidade: Se desejamos um dia estabelecer com o outro uma comunhão
total de vida, é necessário começar a quebrar algumas barreiras e “aproximar os
mundos”, quer dizer, não devem ser duas pessoas distintas convivendo por alguns
momentos, mas sim, pessoas que participam uma da vida da outra, não só nos
momentos de convivência. Ou seja, um passa a ser parte da vida do outro,
cria-se intimidade. E essa intimidade, vivida com amor, gera a cumplicidade,
que é a capacidade de assumir o outro, mesmo com limitações e diferenças, e
lutar para construir uma vida em comunhão.
-
Capacidade de renúncia: Obviamente, por tudo isso, a amizade implica renúncias.
Não podemos querer sempre que a nossa vontade prevaleça, mas estar abertos a
renunciá-la pelo bem da relação. Por exemplo, renunciar a um tempo de descanso
para priorizar a convivência, renunciar a uma tarde com os amigos para
visitarem os parentes do outro, e tantas outras pequenas renúncias do dia a
dia...
- Vida
de oração:
Uma verdadeira amizade em Deus deve sempre levar o outro a um crescimento
espiritual. Isso se torna ainda mais importante quando se trata de uma
preparação para o matrimônio. É preciso vencer as dificuldades e a preguiça e,
juntos, adquirirem o hábito da oração. Não é necessário dedicar horas a fio
nesta prática, mas é indispensável a constância. Só assim o casal criará
intimidade espiritual e Deus poderá habitar seu relacionamento.
-
Vivência da castidade: Uma vida sexual no namoro atrapalha e, muitas vezes,
impossibilita a vivência de todos os pontos acima citados. Portanto, é de
extrema importância a observância da castidade, não só no sentido de “não fazer
sexo”, mas no sentido mais amplo da virtude, que é a busca da pureza. Purificar
os costumes, o olhar, a imaginação, o vestir, o conversar. Ser cauteloso em
onde e quando se beijar. Tudo isso fortalece a amizade e santifica o
relacionamento.
“O amor vive de gratuidade, de sacrifício de
si, de perdão e de respeito do outro. Queridos amigos, cada amor humano é sinal
do Amor eterno que nos criou, e cuja graça santifica a escolha de um homem e de
uma mulher de se entregarem reciprocamente a vida no matrimônio. Vivei este
tempo do namoro na expectativa confiante desse dom, que deve ser aceite
percorrendo um caminho de conhecimento, de respeito, de atenções que nunca
deveis perder: só sob esta condição a linguagem do amor permanecerá
significativa também com o passar dos anos.” (Papa Bento XVI aos namorados, 11 de setembro de 2011).
Amar, respeitar e cultivar a amizade é a
melhor forma de se preparar para o casamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário